0271 – Educar: “passar” conhecimento ou ensinar a refletir?

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Educar: “passar” conhecimento ou ensinar a refletir?

Conhecido mundialmente por crítica ao ensino tradicional, Cláudio Naranjo sustenta: na era da internet, insistir no professor-“dono do saber” é tentar formar adultos domesticados

Por Udo Simons, na Revista Educação

Apesar da postura serena, olhar amistoso e voz tranquila, o médico psiquiatra de origem chilena Cláudio Naranjo, 83, é veemente ao falar. “A educação não educa. É uma fraude. Não se deve confundir instrução com educação”, diz, apontando na política pública parte da origem de suas constatações. “É como se o objetivo dos governos fosse manter as pessoas amortecidas.”

Indicado ao Prêmio Nobel da Paz deste ano, Naranjo dedica parte de seu trabalho, há 15 anos, à transformação dos processos de ensino e aprendizagem a partir do reconhecimento de si e do outro. Acredita ser esse um dos principais desafios do milênio. No universo da psicoterapia, é reconhecido como um dos mais significativos profissionais em atuação da atualidade. Há mais de 40 anos em atividade e com diversos livros publicados, Naranjo fundamentou linhas psicológicas, integrou a sabedoria oriental aos processos científicos ocidentais de estudo do comportamento humano, e fundou uma abordagem de desenvolvimento denominada SAT (sigla em inglês para Seekers After Truth), um programa holístico constituído por práticas da psicoterapia moderna, concepções espirituais, meditação, terapias corporais e de gestalt. Com a SAT, tem rodado o mundo todo fazendo palestras para gestores educacionais. No Brasil, em maio, para lançar seu mais recente livro, A revolução que esperávamos (Verbena Editora), também palestrou para pais e professores. Em sua mais nova obra, o psiquiatra afirma que a crise atual só pode ser superada por uma mudança profunda no modelo educacional – evoluindo da transmissão de conhecimento para a formação de competências existenciais. De São Paulo, de onde concedeu a entrevista a seguir para Educação, Naranjo seguiu para a Câmara dos Deputados, em Brasília, para proferir a palestra “A cura pela educação – uma proposta para uma sociedade enferma”.

O que motivou o senhor a desenvolver trabalhos no setor educacional?

No início dos anos 2000 me convidaram para um congresso de educação na Argentina. O evento reuniu mais de dois mil educadores e, pela primeira vez, tive um contato tão direto com o setor. No decorrer de minha palestra, sentia cada vez mais viva a resposta daquelas pessoas. Foi como uma ressonância empática ao que eu falava. Compreendi naquele momento a “sede” dos educadores e a importância de levar a eles meu trabalho de formação, desenvolvido junto aos terapeutas.

Qual seria o diferencial do seu trabalho para os educadores?

Na ocasião desse congresso foram abordados muitos temas relacionados à inteligência emocional, houve a exposição de diversas visões. Apesar disso, senti meu trabalho como algo mais transformador e, ao mesmo tempo, desconhecido da plateia. Contudo, se passassem a conhecê-lo, o trabalho teria um valor social mais abrangente. Tive a certeza de que haveria um efeito multiplicador. Afinal, os professores permeiam a formação das sociedades. Todos passamos por escolas.

Como o senhor define a proposta do seu trabalho?

Eu proponho a junção de conhecimentos e técnicas terapêuticas, como a meditação budista, a psicologia dos eneatipos, o teatro terapêutico, o teatro oriental do autoconhecimento, o movimento espontâneo e o processo terapêutico supervisionado em que as pessoas se ajudam. Isso constitui um currículo interno básico, oferecido no programa SAT. Esse programa foi originalmente constituído na Califórnia, no início dos anos de 1970, e trazido ao Brasil por Alaor Passos, há mais de 20 anos. É um trabalho avançado de autoconhecimento dirigido à transcendência da personalidade, ao desenvolvimento do amor, à melhora da qualidade de vida e da capacidade de ajuda psicoespiritual. Qualquer pessoa pode participar dele. E cada vez mais, eu trabalho para os educadores envolverem-se nesse processo.
 
Qual tem sido o resultado dessas práticas junto aos professores?


Como essas “competências” qualificam o educador para o seu trabalho cotidiano?
A proposta é estabelecer o desenvolvimento de competências existenciais, não técnicas. Eu as classifico como amor ao próximo (empático); amor aos ideais (devocional); amor a si (desejos); a consciência do presente; o autoconhecimento (quem sou) e o desapego. Essas competências têm sido negligenciadas ao longo dos anos. Percebo que os professores difundem, entre si, os resultados encontrados a partir de suas experiências, de sua transformação. A formação permite a eles que sejam mais completos como pessoas, consequentemente, melhores profissionais. Eles se tornam mais felizes. Lembro, ainda, que essa iniciativa pode chegar àqueles professores constantemente oprimidos pelo sistema, sem condições financeiras adequadas, sem energia. Atingi-los, contudo, não é uma condição simples. Para essas situações as autoridades governamentais e educacionais precisam dar uma resposta.

Para ser um bom educador, ou ser bom profissionalmente em qualquer área, é preciso ser uma boa pessoa. É preciso se relacionar com o outro como pessoa, ser um modelo de pessoa, e não apenas um modelo de saber.

O que o senhor quer dizer com “modelo de pessoa”?

A educação destina-se ao desenvolvimento humano, não à incorporação de conhecimentos. Para quê passar anos oferecendo ao jovem o conhecimento do mundo exterior quando já o encontramos no Google? De que serve essa prática? Isso é um roubo da vida do jovem. Isso serve para quê? Para  passar anos somente para aprender a se sentar quieto? Para treinar a obediência? Nesse contexto, o educador tem imposta uma vestimenta interna de atitude, de respeito à autoridade educacional. Isso dificulta que ele tenha uma voz transformadora.

Que modelo de educação teria esse caráter transformador?

Quando feita para o desenvolvimento humano, a educação nos leva a ser o que somos em potência, ou seja, seres completos. Mas somos como árvores retorcidas que não têm sol por um lado, e esticam seus galhos para conseguir água. Temos uma vida muito raquítica.

Quais as causas dessa situação?

Hoje se governa para a inconsciência. Como se o objetivo da educação fosse manter as pessoas adormecidas, robóticas, obedientes à força do trabalho construída com a Era Industrial, o que continua sendo a motivação opressiva da educação. Não sei, porém, dizer se essa circunstância é uma vontade. Talvez haja indivíduos querendo modificar isso, mas a inércia burocrática é grande demais.

Como se vê nesse contexto?

Como um indivíduo fora do sistema, insultando-o ao dizer: a educação é uma fraude. A educação não educa. Não se deve confundir instrução com educação. Esse modelo fracassou. Minha convicção é que se deve mudar a consciência e para isso é preciso mudar a educação. Apelo à Organização Mundial do Comércio (OMC) como uma instância com poder para fazer parte dessas modificações.

Qual o papel da OMC nessa mudança educacional?

Eles incentivam a globalização dos negócios, mas não favorecem a globalização da ecologia, da educação, entre outros aspectos que deveriam, também, se globalizar. Eles são responsáveis por uma desumanização no mundo. Fala-se muito da pobreza e, sim, é certa a existência de muita pobreza externamente. Mas nossa pobreza interna não é tão visível, tão óbvia. A pobreza gera voracidade, pois estamos incompletos. Somos como zumbis devoradores, transformando os outros em zumbis por contágio. Isso nos torna uma sociedade inconsciente e voraz. O problema do mundo é a voracidade, do poder de ter dinheiro. Da primazia dos bens por cima do bem. Isso só pode ser resolvido se formos seres completos. Temos uma sociedade violenta.

Como incentivar educadores a fazer parte desse trabalho?

É preciso incentivo das autoridades, de governos ou da direção das escolas. Já temos algumas experiências exitosas na Espanha e Itália junto aos professores. Obtivemos, também, resultados positivos no México e Uruguai. Mas o papel da direção das instituições, públicas ou privadas, é importantíssimo para o engajamento dos docentes. Principalmente daqueles mais desmotivados por sua condição de trabalho.

Como engajar autoridades governamentais e educacionais?

Sempre estou disposto a convidar a todos para conhecer essa proposta educacional. Quero en­corajar as autoridades sobre o valor desse processo. Me coloco como um facilitador desse programa que acontece por meio das atividades da Escola SAT, que está aberta a todos, educadores ou não, oferecendo um programa de humanização.

O senhor defende conceitos de pedagogia do amor. O que é isso?

Basicamente, que para a existência de uma pedagogia do amor se requer amar ao próximo como a si mesmo, um preceito do cristianismo. As pessoas não se dão conta de que não se pode amar aos outros sem amar a si. Tampouco se dão conta de que também têm a capacidade de odiar a si mesmas, ao se tratarem como escravas, se explorarem, desvalorizarem. As pessoas têm uma mente como Freud descrevia, como que dividida entre um perseguidor e um perseguido.

 

0264 – O que a escola não ensina

A ESCOLA, como instituição, está constantemente sendo contestada, mas esse não é o nosso papel. Não nos aliamos àqueles que buscam detratá-la. Contrariamente, entendemos suas contradições, mas apoiamos a instituição,sem esquecermos de que realmente há uma demanda que as mesmas não conseguem atender. Basicamente uma escola está, ou assim se considera, adstrita a um currículo institucionalizado, que permite uma variação limitada em seus propósitos.

O que não é ensinado pela escola, é aprendido e apreendido pelos alunos através da cultura, da interação com a comunidade, com as matemáticas, com a filosofia, com as ciências, com a tecnologia, com a mídia. The last, but not the least, o autoconhecimento, as estratégias de como se situar ante as questões do mundo e como operacionalizar as próprias necessidades, como situar-se ante a rede de informações, como agir em relação aos assuntos mais comezinhos (preparar uma refeição, por exemplo) se apresentam muitas vezes como obstáculos relevantes.

Somente seremos razoavelmente livres se pudermos nos situar ante nossas demandas e as que o mundo nos apresenta. Esses assuntos, bem como o ingresso político e um sistema totalmente simbólico não são muitas vezes analisados pela escola. Há uma infinidade de temas que nos encaminham para uma aprendizagem passiva, especialmente se não temos meios de formação: as artes, como lidar com o dinheiro, como ser polidamente educado, como não colocarmos o egoísmo acima de tudo, como lidar com o luto.

Como ler entendendo o que lemos e significando o que lemos. Como sabermos o que estamos lendo e o seu propósito. Ideologia, histórias de vida, sexo são temas que andam longe do formalismo curricular.

Talvez seja necessário reinventar algo em educação, que sirva para podermos melhorar as nossas vidas e nos tornar mais solidários. O que a escola não ensina que você gostaria de aprender? hiltonbesnos

0256 – Qual é a porcentagem da população mundial que sabe pensar?

http://seuhistory.com/noticias/qual-e-porcentagem-da-populacao-mundial-que-sabe-pensar

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Dr. Robert Swartz, do National Center for Teaching Thinking, uma porcentagem muito pequena da população sabe pensar, entendendo o pensamento como a tarefa de raciocinar e resolver problemas de forma criativa. E isso, segundo o próprio Swartz, não é um mero detalhe: “Pouca gente no planeta aprendeu a pensar de forma mais ampla e criativa (…). O progresso da humanidade depende desse pensamento”. E qual é a porcentagem da população que não sabe pensar da maneira correta? De 90 a 95%. E essa é uma característica inerente ao ser humano ou tem a ver com outros fatores?

Para o especialista, esse é um fato cultural e sua origem está nas escolas: nelas, onde as pessoas deveriam aprender a raciocinar, são obrigadas, em vez disso, a memorizar. Realizado o diagnóstico, Swartz propõe também a receita para a cura: incentivar a comunicação desde a infância e criar, nas escolas, matérias de aprendizagem ativa e não passiva, como acontece até hoje. O segredo está no pensamento crítico, o qual deve ser desenvolvido ao mesmo tempo em que é estimulada a empatia pelos semelhantes, a valorização das ideias alheias e o trabalho em equipe.

Fonte: ABC

0255 – A escola atropela a imaginação

http://www.paisefilhos.pt/index.php/video/7947-a-escola-atropela-a-imaginacao-

“A escola está à espera apenas que os alunos reproduzam o pensamento do professor, quando eles deviam ir para além dele”, defende o psicólogo Eduardo Sá. E propõe um desafio: “Devíamos fazer uma cruzada contra os alunos que repetem e copiam e perceber que, enquanto não dermos espaço para a criatividade se manifestar, estamos a pegar em alunos que fazem lembrar um motor topo de gama e estamos, em suaves prestações, a estragar a caixa de velocidades todos os dias”. Ouça tudo em mais um vídeo Pais&filhos/TSF.

 

0254 – La escuela debe enseñar a pensar

http://reevo.org/externo/la-escuela-debe-ensenar-a-pensar-evald-vasilievich-ilienkov/

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“La escuela debe enseñar a pensar”: Evald Vasilievich Iliénkov

0a3f7-07ailyenkovDe esto a nadie le cabe la menor duda. Mucho más, cada pedagogo dirá: ¿cada uno puede responder qué significa esto? ¿Qué significa pensar y qué es el pensamiento? La pregunta está lejos de ser sencilla y, en determinado sentido, es capciosa.

Con mucha frecuencia confundimos el desarrollo de la capacidad de pensar y el proceso de adquisición de los conocimientos establecidos por los programas. Y estos dos procesos, sin embargo, no coinciden automáticamente, aunque son imposibles uno sin el otro. “El mucho saber no enseña inteligencia”. Esta idea, expresada hace más de dos milenios, por el sabio Heráclito de Éfeso, no ha envejecido hoy día.

La inteligencia o la capacidad, la habilidad de pensar, el “mucho conocimiento” por sí mismo, en la realidad no la enseña. ¿Y qué es lo que enseña? ¿Y, en general, se puede enseñar la inteligencia, aprenderla?

Está lejos de carecer de fundamento la opinión de acuerdo con la cual la inteligencia, la capacidad de pensar, el “talento” viene de “Dios” y en una terminología más ilustrada “de la Naturaleza”; del padre y la madre. En realidad, ¿se puede inculcar en el hombre la inteligencia en forma de sistema de reglas exactamente elaboradas, de esquemas, de operaciones; resumiendo: en forma de lógica?

Hay que reconocer que no se puede. Es conocido que las mejores reglas y recetas, cuando caen en una cabeza tonta, no hacen a esta cabeza más inteligente, en cambio, ellas de transforman en un absurdo.

El filósofo Immanuel Kant escribió que “La escuela puede sólo dar un razonamiento limitado, algo así como meter en él todas las reglas logradas por la comprensión ajena, pero la capacidad de utilizarlas correctamente debe pertenecer al propio educando y en caso de carencia de este don natural ninguna regla puede asegurar su correcta utilización. La insuficiencia de la capacidad de juicio es propiamente aquello que llaman tontería; contra esta insuficiencia no hay medicina”. Aparentemente justo. Lenin, muy compasivamente, como “gracioso”, citó el planteamiento de Hegel acerca del “prejuicio” de que la lógica enseña a pensar: “esto se parece a si dijeran que gracias al estudio de la anatomía y la fisiología nosotros aprendemos por primera vez a digerir el alimento y a movernos.”

Pero, ¿cómo hacer en este caso con el llamamiento publicado en calidad de título del artículo? ¿No demuestra el propio autor que realizar esta consigna es imposible, que la inteligencia es un “don natural” y no una habilidad adquirida?

Esto no es así. Es cierto que la capacidad, la habilidad de pensar es imposible “meterla”, convertirla en una suma de reglas, de recetas; como se dice ahora: de algoritmos se puede “meter” en su cabeza sólo una inteligencia de una computadora, pero no la inteligencia de un matemático.

Las consideraciones expuestas al comienzo del artículo, con todo, no agotan la posición del filósofo idealista Kant en relación con la inteligencia, mucho menos la posición materialista. Es falso que la inteligencia sea un “don natural”. El hombre sólo le debe a la naturaleza el cerebro, el órgano del pensamiento: la capacidad de pensar con ayuda de este cerebro, no solo se desarrolla, se perfecciona, sino que surge sólo junto con el contacto del hombre con la cultura general de la humanidad, con los conocimientos, como la capacidad de andar en dos pies que el hombre no posee de la naturaleza. Esta es una habilidad como todas las capacidades humanas restantes. Cierto que el andar erguido es fácil de enseñar por cualquier madre, pero utilizar el cerebro para pensar no sabe enseñarlo cada pedagogo profesional, aunque éste tiene un conjunto de ayudantes: al pensamiento del pequeño le enseña toda su vida circundante.

Las representaciones acerca del surgimiento innato, natural, de la capacidad (o incapacidad) de pensar es sólo una cortina que oculta al pedagogo intelectualmente haragán aquellas situaciones y condiciones realmente muy complejas que prácticamente despiertan y forman la inteligencia, la capacidad de pensar independientemente. Con estas representaciones justifican frecuentemente su incomprensión de tales condiciones, el poco deseo de adentrarse en ellas y tomar para sí el trabajo nada fácil de su organización.

Artículo completo en pdf: La escuela debe enseñar a pensar, Evald V. Iliénkov

Ensayo publicado en la revista “Educación popular”, 1964, No. 6 (suplemento)

Traducido por: Eduardo Albert.

Revisado por: Rafael Plá León.

0245 – Vinte coisas que somente pessoas altamente criativas entenderão

criatividade

20 coisas que só pessoas altamente criativas entenderão

20 coisas que só pessoas altamente criativas entenderão

Por Kevin Kaiser 

Não há como duvidar. A neurociência confirma que as pessoas altamente criativas pensam e agem de forma diferente da pessoa média. Seus cérebros trabalham de uma forma única. Ocorre que esse dom, muitas vezes, pode prejudicar relacionamentos. Isto constatei pessoalmente, enquanto trabalhava no New York Times com escritores best-sellers e músicos premiados com o Grammy.

Se você ama uma pessoa altamente criativa, provavelmente vai experimentar momentos em que parece que ela vive num mundo completamente diferente do seu. A verdade é que ela vive mesmo. Mas é bom que se saiba: tentar mudá-los não é tão eficaz quanto tentar compreendê-los.

A compreensão começa ao tentar ver o mundo através de sua lente, lembrando-se dessas coisas 20 considerações:

1- Eles têm uma mente que nunca se desacelera.

A mente criativa é uma máquina alimentada por intensa curiosidade. Não há botão de pausa e não há maneira de desligá-la. Isso pode ser cansativo, às vezes, mas é também a fonte de algumas atividades divertidas e de loucas e animadas conversações.

2-Eles desafiam o status quo.

Duas perguntas são feitas por pessoas criativas mais do que qualquer outro: “E se?” e “Por que não?”. Eles questionam o que todo mundo acredita inequívoco. Isso pode ser desconfortável para aqueles que estão ao seu redor, mas é essa capacidade que permite que os criativos possam romper com as margens do possível.

3- Eles abraçam o seu gênio mesmo que os outros não o façam.

Pessoas criativas preferem ser autênticas a serem populares. Mantendo-se fieis a quem de fato  são, sem compromisso com aquilo que os demais reputam como correto. Essa é a sua definição de sucesso, mesmo que em virtude disso venham a ser mal interpretados ou marginalizadas.

4- Eles têm dificuldade em permanecer na tarefa.

Pessoas altamente criativas são energizadas por grandes saltos mentais e pela adrenalina de começar coisas novas. Projetos existentes podem se transformar em chata monotonia quando a promessa de algo novo e excitante agarra sua atenção.

5- Eles criam em ciclos.

Criatividade tem um ritmo que flui entre os períodos de alta, às vezes maníaco, e tempos lentos que podem ser sentidos como “quedas”. Cada período é necessário e não pode ser ignorado, assim como as estações naturais são interdependentes e necessárias.

6- Eles precisam de tempo para alimentar as suas almas.

As  pessoas criativas precisam frequentemente renovar a sua fonte de inspiração e de unidade. Muitas vezes, isto requer isolamento por períodos de tempo.

7- Eles precisam de espaço para criar.

Ter o ambiente certo é essencial para o pico de criatividade. Pode ser um estúdio, um café, ou um canto tranquilo da casa. Onde quer que seja, permita-lhes definir os limites e respeite-os.

8- Eles se concentram intensamente.

O altamente criativo necessita desligar-se do mundo de fora quando eles estão focados no trabalho. Caso percam o foco, para reavê-lo poderá gastar mais de 20 minutos, mesmo que a interrupção se dê por apenas por vinte segundos.

9- Eles sentem profundamente.

A criatividade é a forma de expressão humana que o torna o artista capaz de dizer daquilo que, em si, há de mais profundo. É impossível dar o que você não tem e você só pode levar alguém a algum lugar quando você já tiver ido sozinho, mesmo que em suas fantasias. Uma pessoa criativa deve sentir de modo profundo para que possa comunicar-se também profundamente.

10- Eles vivem entre a alegria e a depressão.

Essas pessoas sentem tudo com intensidade e por isso são altamente criativas. Muitas vezes podem mudar, em fração de segundos, da alegria à tristeza ou até mesmo à depressão. Seu coração sensível, enquanto a fonte do seu brilho, é também a fonte do seu sofrimento.

11- Eles pensam e falam em histórias.

Uma explicação nunca vai mover o coração humano tanto quanto uma história bem contada. Pessoas altamente criativas, especialmente artistas, sabem disso e contam histórias em tudo o que fazem, deixando que cada um tire por si as suas próprias conclusões.

12- Eles lutam e resistem diariamente

Steven Pressfield, autor de The War of Art, escreve:

“A maioria de nós tem duas vidas. A vida que vivemos, e a vida não vivida dentro de nós. Entre as duas, bancadas de resistência”. Pessoas altamente criativas acordam todas as manhãs, plenamente conscientes da necessidade de crescer e motivar-se. Mas há sempre o medo, “resistance”, como Pressfield chama, de que não consigam fazer aquilo que de fato necessitam. Não importa o quão bem sucedida a pessoa seja: o medo nunca vai embora. Ela simplesmente aprende a lidar com o medo (ou não).

13- Eles veem o seu trabalho como uma extensão de si próprios.

O trabalho criativo é uma expressão crua da pessoa que o criou. Muitas vezes, eles não são capazes de separar-se dele, por isso toda crítica é vista tanto como uma validação ou condenação de sua autoestima.

14- Eles têm dificuldade de acreditar em si mesmos.

Mesmo a pessoa criativa aparentemente autoconfiante muitas vezes se pergunta: Eu sou bom o suficiente? Estão sempre a comparar seu trabalho com o dos outros e deixam de ver o seu próprio brilho (que pode ser óbvio para toda a gente).

15- Eles são profundamente intuitivos.

A ciência ainda não consegue explicar o mecanismo da criatividade. No entanto, indivíduos criativos sabem instintivamente como fazê-lo fluir. Se questionados, vão dizer que a criatividade não pode ser entendida, só experimentada.

16- Elas costumam usar a procrastinação como ferramenta.

Criativos são procrastinadores notórios porque muitos fazem melhor o seu trabalho sob pressão. Eles subconscientemente, e às vezes propositadamente, retardam seu trabalho até o último minuto simplesmente para experimentar a adrenalina do desafio.

17- Eles são viciados em fluxo criativo.

As recentes descobertas da neurociência revelam que “o estado de fluxo” pode ser a experiência mais viciante na terra. A recompensa mental e emocional é por que as pessoas altamente criativas irão sofrer com os altos e baixos da criatividade. Em um sentido real, eles são viciados na emoção de criar.

18- Eles têm dificuldades de terminar projetos.

A fase inicial do processo criativo é um movimento rápido e carregado de emoção. Muitas vezes, eles vão abandonar projetos que são demasiado familiares a fim de experimentar o fluxo inicial de um projeto novo.

19- Eles são bons em conectar pontos.

A verdadeira criatividade, Steve Jobs disse uma vez, é pouco mais do que ligar os pontos. É ver padrões antes que se tornem evidentes para todos os outros.

20- Eles nunca vão crescer.

Criativos serão eternas crianças que nunca perdem a capacidade de sentir, de se admirar, de se mostrarem perplexos. Para eles, a vida fala de mistério, aventura, superação. E assim, todo o resto, embora exista, deixa de ser uma verdade aos criativos.

Por Kevin Kaiser 

Traduzido e adaptado exclusivamente para CONTI outra.

Do original 20 Things Only Highly Creative People Would Understand

0238 – Construindo uma ralé cognitiva

 

Em 2010, Embora haja pesquisas, estudos, seminários, encontros, formações, etc, em relação à educação, grosso modo,  concluo que, pelo menos na escola onde trabalho, com a anuência expressa da SMED e com a conivência de todos nós, estamos criando uma ralé cognitiva. Sei que o termo pode ser discriminatório, forte, fora dos padrões normais com os quais se trata a educação, e, sinceramente, se os meus eventuais leitores se desagradarem, estamos por aqui, para suportarmos as possíveis críticas.

Antes, quero deixar claríssimo que isso não se aplica a todos os alunos, claro que não, mas ao sistema com o qual somos obrigados a conviver. Vejamos.

Uma turma inteira de sexta série (vamos deixar os eufemismos de lado como as siglas C isso e aquilo) simplesmente não sabe, não se interessa em saber sequer como se aplica uma operação inversa em matemática.  Será que é preciso que eu vire umshowman para entenderem que 7 + 2 é 9 porque 9 – 2 é 7? Será que é necessário que eu consulte tratados pedagógicos para que os alunos aprendam que, se 12 : 4 é 3, então 4 x 3 é 12? Será que eu tenho que fazer mais formações para que meus alunos aprendam que, se m – 4 = -15, então m = -15 + 4, e que, portanto m= -11? Perguntei em uma sexta série quanto é 4.000 dividido por 1.000 e me disseram que é 2, ou ficaram olhando pela janela, ou me olharam simplesmente aguardando a resposta. Dizem eles que 500 dividido por 500 é zero. Meu Deus, será preciso escrever um tratado para explicarmos isso?

Me lembro do Ginásio Estadual Inácio Montanha, onde estudei há mais de quarenta anos. Escola pública. Média sete para passar de ano. Não atingia os sete, babaus. Me lembro de ter professores de inglês e de francês. Me lembro de ter estudado gramática, de ter lido Machado de Assis, de ter lido todos os clássicos que as escolas exigiam e que os meus professores conheciam de trás para frente e o contrário. Me lembro de ter aprendido equações, me recordo de que muitos alunos eram simplesmente expulsos, quando transgrediam as regras da escola. Que fossem para outro lugar, mas não permaneciam ali, não naquela escola. Era justo, era injusto? Os discursos variam, mas a verdade é que eu aprendi. Fui o único? Não, claro que não.  Então porque, como professor, meus alunos não aprendem? Não se interessam, ficam debochando, conversando e rindo o tempo todo? Isso é ensinar? Claro que não é.

Mas eu vivo em um momento democrático da educação, no qual um professor é cobrado insistentemente pelo sistema, que é o mesmo que instaura a bizarria na escola, elege e protege a irresponsabilidade coletiva, privilegia o laissez faire, a falta de ética e de consequência nos atos perpetrados pelos alunos. O resultado disso tudo, além dos discursos compensatórios e das teses acadêmicas é, sem dúvida, a criação de uma ralé cognitiva. O preço será cobrado mais tarde pela mesma sociedade que se aliena da educação, que pensa que escola é depósito e que professores são “substitutos” naturais de pais e mães. Eu não estarei mais ensinando, mas tenho certeza de que a formação de uma ralé cognitiva não será em vão. Muitos vão pagar a conta pelo que não fizeram.

Sem dúvida, muitos. HILTON BESNOS

0237 – Are you ready?

E

ntrei em uma turma de C 10 (correspondente à sexta série do ensino fundamental), para substituir uma colega por uns dez ou quinze minutos, nos quais escutei palavrões, xingamentos, gritaria, vi alunos se atirando no chão, vi outros com os pés jogados displiscentemente por cima das carteiras. Faixa de idade? Treze, no máximo, quatorze anos, talvez. Não é uma turma na qual eu seja professor regente.

O que me espanta é como, de que modo, usando quais caminhos esses alunos conseguiram chegar até aqui. A outra pergunta que se impõe é: de março a dezembro de 2007 o que foi feito pela escola em relação à tal turma? Sei que o Setor de Orientação Educacional esteve em sala diversas vezes, chamou pais, promoveu reuniões, enfim, tomou vários procedimentos. No entanto os alunos continuam a se ridicularizar, a serem hostis, provocadores, deseducados o máximo que podem e durante todo o tempo possível. Ora, a minha experiência como educador não pode, nesses casos, simplesmente atribuir, creditar o que acontece à instâncias genéricas como “o sistema”, “dispersão”, “problemas de aprendizagem”, “débitos sociais” e tantos outros. No meu entender há uma grande responsabilidade dos meus colegas. Em algum momento eles simplesmente desistiram.

E desistindo, abriram mão de sua autoridade em aula, se deixaram derrotar em premissas básicas, como a de estabelecer um ambiente de aprendizagem em sala. É óbvio ululante, parafraseando Nelson Rodrigues, que criar um ambiente assim implica em suportar, em lidar com crueldades diárias, ironias, deboches e, especialmente, muito, mas muito estresse. Uma carga emocional que se prolonga por duzentos dias letivos durante quatro horas por turno de trabalho, lidando com o improvável, com uma lógica de desgaste que se auto-gera como resultado. Uma estrutura autopoiética.

Embora muito possa ser dito e escrito a respeito do tema, de um ponto você, como professor, não deve abrir mão: da sua presença e da sua autoridade. Os alunos devem saber quem é você, como são as suas aulas e, especialmente, o que podem esperar de você. Como o processo de aprendizagem é longo, não-linear e sujeito a mudanças nem sempre queridas ou esperadas, você, professor, deve se tornar um ponto referencial em meio ao que virá. Não se trata, aqui, de planejar aulas no sentido formal, mas de executá-las. Não, não é fácil; ao contrário, exige por vezes uma paciência franciscana, uma tolerãncia de um monge.

Se você tentar sinceramente e não conseguir, procure em si próprio descobrir o que pode ou o que deve ser mudado e tente. Não caia no engôdo de infantilizar o cenário havido, culpar-se ou contemporizar. Procure ir sempre ao ponto que mais exige a sua atenção, mesmo que ele insista em escapar. Seja profissional e fuja da tentação do psicologismo barato de fundo de quintal. Como educador, procure sempre uma melhor qualificação, leia mais, se informe, pratique self learning. Se, mesmo assim tudo continuar complicado, concentre-se nos pontos positivos que você ajudou a construir.

No entanto, se não fizer nada disso, se os alunos não lhe reconhecerem e respeitarem, se não enxergarem em você um estilo pessoal, um jeito de “dar aula”, prepare-se: vão rir de você e ridicularizá-lo durante todo o ano letivo. E vão dizer para o resto da escola o que você é, ou o que não é. As suas pretensas aulas vão virar um circo, e vai acontecer o que eu descrevi no início deste post. Uma vez que sua imagem já esteja formada, os alunos farão com que você conviva com a mesma durante muito, muito tempo, bem mais do que você gostaria.

Saiba de uma vez por todas: embora você não precise ser nem um Átila nem Madre Tereza de Cálcutá, determinados limites tem de ser estabelecidos e quem faz isso é você. Não é o sistema, não é a direção, não é qualquer serviço da escola. É você. Se necessitar, peça ajuda, mas não transfira responsabilidades. Ninguém vai aceitá-las.

Neste ano tive (como a maior parte dos meus colegas) também a minha turma na qual era praticamente impossível ter minimamente um ambiente de aprendizagem. Não tenho dúvidas de que para muitos dos alunos ali, a educação, enquanto processo formal e a escola em si não tinham a mínima significância, a não ser para o aproveitamento narcísico de seu lado social; nesses casos você tenta falar com quem não quer ouvir, tenta argumentar com quem não está interessado, seja por qual motivo seja. A conseqüência direta é a perda de qualidade de ensino, a instauração do caos e uma brutal assimetria entre os atores educacionais.

Esse cenário desencadeia uma baixa densidade de ensino/aprendizagem, um absurdo tempo dispendido em tentativas de impor limites razoáveis à turma, gerando uma “quebra de braço” para saber quem detém o fugaz “domínio” da classe: os alunos ou o professor, o que acarreta um estresse para além do normal. Por outro lado, a perda do eixo do processo educativo é uma decorrência normal em meio a esse tipo de processo de degradação.

Todas essas questões demandam um forte trabalho do eixo condutor de qualquer escola: a área pedagógica. A atuação do pedagógico, aqui, implica não só em uma visão educativa a médio e longo prazo, mas no acompanhamento do dia-a-dia do educador e do educando, bem como das relações de aprendizagem. O pior, no caso é que, em boa parte dos casos, as escolas estão tão contaminadas pela burocracia administrativa que o que é de mais importante muitas vezes ela não cuida: o ensino. Se a área pedagógica não consegue, desimportando aqui os motivos, estabelecer uma linha coesa e coerente de atuação do seu corpo docente, os problemas só fazem avolumar pelo sentido de isolamento que passa a dominar o professor, e com inteira razão.

Em tal cenário resta ao educador ou ter uma atuação responsável e pró-ativa em relação aos seus educandos ou aderir ao conformismo. No último caso, por maiores que sejam os argumentos utilizados, o laissez faire sempre é uma prova incontestável de que o profissional não tem condições reais de lidar com os problemas que o pressionam. O professor entrará em crise, necessitando repensar criticamente sua atuação, não somente em relação a uma ou mais turmas de modo específicom, mas especialmente nas demandas que tem de atender enquanto presença de educador.

Are you ready? HILTON BESNOS

0236 – O fim da leitura?

Há um texto de Jorge Luis Borges, um de seus contos fantásticos, intitulado“Utopia de um homem que está cansado”, que julgo bastante apropriado para ilustrar algumas das engrenagens profundas que influenciam a nossa relação com a leitura. O conto relata o encontro inadvertido de um ancião com um homem que vive no além do futuro antevisto. Algumas das passagens do conto assombram pelo modo como profetizam o fim da leitura, naquele que é o sentido que pretendo abordar aqui.A passagem do conto de Borges que vale o resgate diz respeito à interpretação que aquele homem do futuro efetua acerca do destino da leitura, especialmente aquela que se nutre do espírito niilista do nosso tempo (sobre isso, devo preparar em breve um artigo que se ocupará da interpretação do niilismo brasileiro). A personagem borgiana “relembra” um passado no qual “Tudo se lia para o esquecimento, porque em outras horas o apagariam outras trivialidades”.Pensemos o mundo atual, essa dinâmica de relações superficiais com os objetos do mundo, incluindo-se ainda o outro, esse outro que também é tido como objeto. Usualmente, nós nos relacionamos temporariamente com os objetos. Cada circunstância relacional cumpre apenas o papel de nos distrair. Até que se prove o contrário, tudo é descartável. Que importa guardar, cuidar, manter? Que importa qualquer fato ou história quando a qualquer momento podemos acessar o Google ou a Wikipedia para saber mais a seu respeito? Os fatos, as pessoas, os objetos do mundo agora só possuem valia se podemos usá-lo de algum modo para os fins que nos interessam. Parece que, enfim, como dizia Schopenhauer, todas as ordenações que fazemos são de modo que o traço trágico e sem sentido da vida não seja sentido: “A vida comum é distração”.Como isso afeta a nossa relação com a leitura? Ora, nós precisamos de uma distinção clara aqui. Nós desde sempre compreendemos leitura como interpretação. No entanto, a interpretação pode acontecer em diferentes níveis. Eu gosto de pensar nesses níveis categorizando-os no campo da semântica e da pragmática (no sentido linguístico). Interpretar um texto à luz da semântica significa ser capaz de compreender a relação dos sinais (palavras) com as coisas. Isso promove um nível de relacionamento fundamental com a leitura, na medida em que se pode captar o texto, ou seja, ser capaz de compreendê-lo enquanto tal, e até mesmo reproduzí-lo. Nesse caso, o objeto da leitura é apenas o texto em si. Já no caso da pragmática – que trata do uso da linguagem, tendo em conta a relação entre os interlocutores e a influência do contexto –, a leitura acontece para além do texto. Esse modo de leitura leva em conta o leitor, o escritor, a época em que o texto foi escrito, a época em que o texto é lido, o arranjo dos sinais promovidos pelo escritor, o conhecimento prévio do leitor diante das construções lógico-semânticas do texto, o valor semântico dos sinais etc. Nessa perspectiva, não somente podemos reproduzi-lo como podemos recriá-lo. Assimilar um texto, assim, é ser capaz de reinventá-lo continuamente. Admito, porém: ler desse modo parece exigir demais de uma sociedade que está ávida por se distrair.Quando falo do fim da leitura, refiro-me à indisposição de nossa geração de leitores e escritores para praticar interpretações no nível pragmático (sempre no seu viés linguístico). Essa indisposição nos remete à mera leitura semântica. É raro que alguém, nos dias de hoje, se demore sobre um texto. Isso é uma pena, pois como a personagem de Borges nos ensina: “Não importa ler, senão reler”. É no hábito da releitura de um texto bem escrito que acontece a produção de sentido. A transformação que um texto pode promover no modo de percepção do mundo só acontece quando alguém lhe dedica tempo. E dedicar tempo não significa esperar encontrar construções semânticas já conhecidas. É preciso reconstruí-las, repensá-las em suas dimensões associativas e conectivas. Para tanto, não se deveria revigorar o apreço pelo trivial. Seria preciso rejeitá-lo.Lamentavelmente, a sociedade do século XXI parece-me indiferente a tudo isso. Observo essa tentativa desenfreada de alcançar a comunicação integral e imediata com o outro como uma gradual destruição da capacidade criativa de escritores e leitores. Há essa crença recalcitrante de que, para alcançar os jovens leitores, é preciso se aproximar da linguagem deles. Contudo, creio que há mais aí do que uma tentativa de salvação da leitura. Acho que a mediocridade estimula a mediocridade, pois como diz o Prof. e filósofo alemão Vittorio Hösle, “A mediocridade tem medo de tudo aquilo que é melhor do que ela”.A minha pauta para o problema da leitura, enquanto editor, escritor e filósofo, movimenta-se na recuperação de algo que estamos perdendo: o compromisso com a obra. Em meus artigos recorro insistentemente a esse tema por se tratar de um caminho que não pretende ser alternativo, mas concomitante e necessário. Eu não acredito em valor sem esforço. Essa tendência mórbida de se compor e oferecer textos fáceis de serem absorvidos é perniciosa. Os textos devem exigir esforço de todas as partes envolvidas. E há uma razão para crer nisso: a beleza habita na sutileza, mas ela só nos abre as portas quando descobrimos, nas entranhas do texto, a composição que inclui o leitor, o escritor, os sinais e a história. Somente ali, onde a leitura alcança a perspectiva pragmática, ocorre a produção de novos sentidos e, consequentemente, a liberdade.

*Cassio Pantaleoni é escritor e filósofo – www.8inverso.com.br
cassio@8inverso.com.br

0229 – Finlandia ya no enseñará matemáticas ni historia a sus estudiantes

EDUCACIÓN

Finlandia ya no enseñará matemáticas ni historia a sus estudiantes

http://reevo.org/externo/finlandia-ya-no-ensenara-por-materias/

📅26-03-2015 🕔11:30
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Los mayores de 16 años ya están estudiando de esta forma y no tienen que aprender matemáticas o literatura.

Por ElUniverso.com

Finlandia quiere prescindir de las matemáticas, de la historia, de la literatura para cambiarlo todo por temas concretos. Esperan que con el nuevo método, los estudiantes comprendan por qué es importante aprenderlo.

Es el país número uno en prácticamente todos los rankings escolares, como por ejemplo en el exhaustivo informe Pisa, que evalúa los resultados estudiantiles de 61 naciones de todo el mundo.

El éxito de la educación finlandesa reside en la alta implicación de los profesores -con elevada formación y bien remunerados-, los alumnos interactúan entre ellos y con el profesor, y existe un gran nivel de lectura.

Para que el país nórdico siga estando en lo más alto, sus políticos y funcionarios ya están pensando en cómo será el mundo del mañana para conseguir que los niños de hoy en día sean los mejores profesionales en el futuro. La conclusión de los diferentes grupos de trabajo creados específicamente para repensar la educación es revolucionaria: hay que acabar con las materias.

Nada de matemáticas, física, historia o literatura. Si se aprueba el nuevo plan de estudios, los jóvenes y niños tendrán que estudiar ‘temas’, ‘situaciones’ o ‘eventos’. Por ejemplo, una materia podría ser la Unión Europea, y en ella se tendrían que hablar de economía, de historia, o de política, pero en vez de ser temas estáticos, se relacionarían los unos con los otros.

Cambios

Los mayores de 16 años ya están estudiando de esta forma y no tienen que aprender matemáticas o literatura. Por supuesto, ellos ya tienen la base, porque ya la han dado en cursos anteriores. El desafío está en adaptar ese sistema a todas las edades.

Pasi Silander, jefe del departamento de Desarrollo Educativo de la ciudad de Helsinki, explica al medio inglés The Independent que lo que se busca es un tipo diferente de educación que prepare a los niños para el trabajo del mañana. “En el pasado, los bancos necesitaban muchos contadores que tuvieran que realizar muchos cálculos. Pero ahora la situación ha cambiado: los más pequeños ya usan computadores muy avanzados capaces de realizar esas operaciones, así que tenemos que cambiar para adaptarnos a la sociedad”,razona.

Además de este tipo de enseñanza por ‘temas’, la revolución escolar también se va a centrar en erradicar por completo la figura del profesor que da la clase y que no permite a los alumnos participar. Se va a potenciar que los jóvenes se dividan en grupos y afronten problemas ellos solos, poniéndose de acuerdo y potenciando así sus habilidades comunicativas y de trabajo en grupo.

Del lado de los profesores

Pero todos estos cambios no están siendo fáciles. Muchos profesores educados a la antigua dudan de que la falta de teoría y el exceso de práctica sean beneficiosos para los alumnos. Pero parece que se van a tener que adaptar al cambio. Actualmente, los colegios están obligados a dar algunos ‘temas’ a lo largo del año, estructurados de esta nueva manera y no como asignaturas.

Otro cambio que podría traer esta nueva ola es el fenómeno del denominado coprofesorado: dos docentes en el aula explicando un mismo ‘tema’, para enriquecer la clase. Marjo Kyllonen, el responsable de cambiar la educación en la ciudad de Helsinki, revela que para 2020 espera que en todo el país se hayan implementado estas nuevas formas. “Ahora hay algunos colegios que enseñan como si todavía estuviéramos a principios del siglo XX, es hora de saltar de lleno al siglo XXI”.